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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Governador de Sergipe comenta show polêmico de Rita Lee

Precisamos reagir a campanha dos universitários da melhor faculdade – da USP e dos artistas, como a Rita Lee que defende o uso da maconha e outras drogas destrói as famílias em todo o território do Brasil. A polícia trabalhando pra proteger esses marginais disfarçados de alunos ou de artistas passa por mau. Felizmente os ‘do bem’ são a maioria precisamos deixar isso claro, os bons são maioria mesmo.

Marcelo Déda garante que a ação da polícia sergipana não foi abusiva.
Cumprir a lei pode ser chato e careta, mas ninguém está acima dela, diz.

Fredson Navarro Do G1 SE


Na tarde desta segunda-feira (30), o governador de Sergipe, Marcelo Déda, disse a equipe de reportagem do G1 SE que considera encerrado o episódio que colocou de um lado a cantora Rita Lee e de outro a Polícia Militar de Sergipe.

O show polêmico de Rita Lee foi realizado na madrugada do domingo (29) no município de Barra dos Coqueiros durante o Verão Sergipe. No show, a cantora teria xingado policiais que faziam a segurança no local de "cachorros" e "filhos da puta", segundo testemunhas. Após o espetáculo, que foi a despedida da cantora dos palcos, ela foi intimada para prestar esclarecimentos na Delegacia Plantonista.


“Foi algo que aconteceu, lamentavelmente, mas passou”, declarou o governador, em entrevista pelo telefone.


Ele fez questão de esclarecer que não deixou o show, como parecem mostrar algumas imagens.“Eu apenas me desloquei da parte superior para a parte inferior do camarote, sai de onde estava para conversar com o comandante da Policia Militar e pedir para tirar os militares que estavam bem em frente ao palco”, disse o govenador. “A policia em nenhum momento agiu com abuso do poder”, reforçou.

Marcelo Déda se mostrou desapontado com os acontecimentos do último sábado. “Todo o desgaste que o governo sofreu foi um preço bastante pequeno diante do fato de que os jovens que participaram do Verão Sergipe voltaram para casa com sua integridade garantida”, afirmou Déda, louvando o fato de o radicalismo não ter prevalecido depois das ofensas verbais da cantora contra os policiais militares que trabalhavam no evento. Apesar de tudo, a serenidade e o bom senso acabaram por prevalecer”, finalizou o governador.


"O delegado de plantão no evento, Carlos Frederico Murici, expediu um mandado de intimação, que solicitava que a cantora comparecesse à Coordenadoria de Políca Civil da Capital para dar explicações sobre o ocorrido, o que não foi acatado por ela. Diante da negativa, ela foi comunicada que deveria se dirigir à Delegacia Plantonista de Aracaju”, explicou o delegado Leogenes.

Neste domingo (29) o governador de Sergipe, Marcelo Déda se pronunciou através de uma nota oficial.

Veja a nota do governador

"No último sábado, 28, fiz um programa igual ao de outros 20 mil sergipanos e turistas que curtiam o Verão Sergipe na praia de Atalaia Nova, no município de Barra dos Coqueiros, uma ilha paradisíaca entre o Atlântico e o Rio Sergipe - fui ver o show da Rita Lee.

Era a segunda vez que ela se apresentava no evento, um Festival gratuito, realizado nas praias próximas a Aracaju e organizado pelo governo do Estado, com o apoio de patrocinadores privados. Dessa vez seria especial, a rainha do rock pretendia encerrar neste espetáculo a sua presença nos palcos. Tenho 51 anos de idade e o som da Rita Lee sempre eseteve na minha "playlist". No local do evento me encontrei com minhas duas filhas, Marcella e Yasmin que também foram prá festa.

A minha expectativa era a melhor possível, o ambiente ajudava. A arena aberta, sem cercas ou qualquer restrição de entrada, na Praça de Eventos Jugurta Barreto, inaugurada na sexta, acolhia uma multidão bonita e alegre. Na noite anterior a banda de rock The Baggios abrira a noite e fora seguida pelos Paralamas do Sucesso e por Margareth Menezes. Um lindo espetáculo, pacífico, e sem qualquer incidente digno de nota, como é a característica do evento.

Mal sabia que iria testemunhar uma imensa confusão. Ainda no início do show, Rita Lee implicou com a presença da Polícia no evento. Reclamou da presença dos "capacetes". Disse que tinha "paranóia"de políca e que se sentia incomodada com a sua presença. Exigiu que os policiais saísem da praça, aconselhando-os a fumar um baseado e prender políticos corruptos. Era só o começo...

Alguns minutos depois, aparentemente sem nenhuma razão, sem que se pudesse perceber qualquer conflito ou briga no público, a artista começou a agredir verbalmente os policiais que faziam a segurança do evento com palavrões, ao mesmo tempo que pedia ao público um "baseado" e desafiava a polícia a prendê-la. "Cachorros", "cavalos", "cafajestes", "f.d.p.", foram algumas das expressões dirigidas aos policiais. O público, excitado e incentivado pela artista, respondia aos seus apelos de vaia e repetiam em coro as ofensas.

Foram momentos de grande tensão. Imagens produzidas por várias fontes foram postadas no You Tube e estão acessíveis a todos que queiram examiná-las.

Sou pai e pensei nos pais que esperavam em casa a volta daqueles meninos que ali estavam. Se um policial prendesse um dos fãs da cantora, como reagiria a multidão? Se um dos expectadores agredisse um policial, como reagiria a polícia? Se os policiais aceitassem a provocação e tentassem subir ao palco, o que poderia acontecer naquele evento? Confesso que temi uma tragédia. Um conflito entre policiais e um público de 20 mil pessoas jamais acabaria bem. A integridade física dos cidadão e dos policiais estavam em risco. Talvez o show terminasse com um ou mais corpos estendidos no chão... Orientei o comando a retirar os policiais do meio da multidão. A polícia atendeu a ordem e se comportou exemplarmente: ferida nos seus brios, agredida e vaiada, não revidou, não perdeu o controle, não agiu por impulso. Retirou-se de forma pacífica e organizada.

O show foi apresentado integralmente, com o tradicional "bis", sem que qualquer intervenção externa fosse produzida. Finda a apresentação as autoridades policiais presentes adotaram as medidas previstas na lei, registraram a ocorrência e ouviram a cantora, sem qualquer agressão ou ameaça à sua integridade, nem a da sua equipe.

As redes sociais amanheceram em reboliço. Opiniões de todo o tipo. Manifestações críticas e de apoio com a passionalidade tradicional nessas mídias. Quem lá estava apresentava suas versões, quem sequer chegara perto também fazia questão de baixar decreto e assinar sentença condenando a parte que julgasse culpada

O episódio foi encerrado, eu e a minha equipe lamentamos profundamente o acontecimento. Uma noite que tinha tudo para ser uma homenagem do público a uma das mais importantes artistas brasileiras transformou-se numa ocorrência policial. No entanto, como governador e cidadão não posso aceitar que o carinho natural que dedicamos aos artistas que admiramos, encubra a realidade e nos afaste de algumas reflexões necessárias:

1) Não é correto pedir para retirar a polícia de um evento em praça pública, aberto, gratuito, com um público estimado em quase 20 mil pessoas. É dever inafastável do poder público policiar a área e proteger o público e os próprios artistas.

2) A ação da polícia sergipana não foi abusiva. Não há um registro de excesso até agora. Se os policiais agissem de forma ilegal e violenta eu seria o primeiro a adotar as medidas para a punição de quem assim agisse. Eu estava no evento e não vi nenhum ato da polícia que justificasse a reação da cantora.

3) O artista tem o direito de expressar livremente a sua arte e as suas convicções sobre qualquer tema político, social, comportamental , etc., sem sofrer qualquer restrição ou ameaça. O artista tem o dever, inerente ao seu papel social, de denunciar a violência e o abuso quando os testemunha. Mas não pode se valer do seu prestígio e do carinho dos seus fãs para, sem qualquer justificativa, criar um clima de tensão e incitar o público contra a polícia, ofendendo e desacatando quem está ali com o dever legal de garantir a segurança pública, justificando-se com a afirmação de que aquilo "é rock'n roll".

4) Cumprir a lei pode ser chato e careta para alguns, mas ninguém está acima dela: nem o governador, nem o policial, nem o artista. Todos temos o dever de observá-la e o direito de buscar mudar aquelas que julgamos injustas.

5) Ninguém foi preso. O show foi concluído sem qualquer interferência. Prestar depoimento, com opção de poder fazê-lo 7 horas depois da ocorrência, não é prisão nem constrangimento ilegal. A artista foi conduzida à delegacia ao sair do evento porque preferiu assim e registrou no seu perfil no twitter. Foi ouvida com tranquilidade, sem mais incidentes e os seus argumentos registrados na forma legal.

6)Criticar a polícia pode ser mais fácil . Condenar aprioristicamente qualquer ação policial pode até dar ibope para alguns, mas eu não farei isso. Ninguém me contou, eu estava lá . Portanto, é meu dever solidarizar-me com os homens e as mulheres da Polícia Militar de Sergipe ofendidos de forma injusta e grosseira e elogiá-los pela forma como reagiram às provocações, evitando o conflito e preservando a integridade de todos.

Não sei se foi Chico Buarque quem disse certa vez que nem toda loucura é sinônimo de genialidade e nem toda lucidez é sinal de velhice. Ouso dizer que viver o equilíbrio entre ambas - loucura e lucidez - produz grandes obras e eterniza grandes artistas. Continuarei a aplaudir e respeitar todos os que na vida e na arte constroem essa maravilhosa síntese.

Marcelo Déda.

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