Enquanto o Ceará avança com o Projeto Cinturão das Águas a Paraíba ainda rasteja com relação a interligação de bacias
O governador do Ceará Cid Gomes, acompanhado do
Ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, visitou na
sexta-feira (31) as obras de transposição do Rio São Francisco na Região do
Cariri cearense. Até aí nada demais, visto que estas visitas das autoridades
federais as obras da transposição têm sido mais constante nos últimos tempos,
como forma de dá uma maior velocidade aos trabalhos, em virtude dos graves
problemas que a região terá, com a confirmação de mais um ano de pouca chuva no
nordeste.
A diferença está na visão do Governador do vizinho
estado, quando se compara a inércia do governo da Paraíba nesta área. Cid Gomes
está empenhadíssimo em aliar a Transposição com o Cinturão das Águas do Ceará
(CAC) para amenizar a falta de água no Estado. “O CAC pegará uma parte da
transposição do São Francisco e levará água para o sudoeste e oeste do Estado
que são as regiões que mais precisam. Em seguida, vai alimentar as demais
bacias do Estado, e em outra etapa alimentar as demais bacias e com o Cinturão
das Águas concluído, poderemos ter água assim que a estação elevatória de
Salgueiro, em Pernambuco, estiver pronta”, explicou Cid Gomes.
Foi com esse propósito de organizar o Estado do
Ceará, do ponto de vista da oferta de água, que os irmãos Gomes divergiram da
decisão do PSB de lançar candidatura própria a presidência da república e
resolveram continuar apoiando o projeto de reeleição da presidente Dilma.
O Cinturão das Águas do Ceará é mais uma obra do
Governo do Estado, através do Ministério da Integração Nacional que vai ampliar
a distribuição dos recursos hídricos em todo o Ceará. São 1.300 km de canais, sifões
e túneis que vão receber a transposição do Rio São Francisco, levando água para
12 bacias hidrográficas do Ceará.
Nesta primeira fase, serão investidos R$ 1,6 bilhão
e os serviços terão 150km de extensão, em um projeto que prevê
interligar 12 bacias hidrográficas, a partir da
transposição das águas do Rio São Francisco.
O CAC é um projeto complexo e considerado a maior
obra de infraestrutura hídrica do Ceará, que pretende levar água para 93% do
Estado por meio de canais, túneis e leito natural. A primeira etapa foi
dividida em cinco lotes, conforme o projeto.
Há três anos que o Governo do Estado prepara o
projeto do Cinturão das Águas. Na primeira etapa, a água chegará ao Açude Orós
por meio do Rio Cariús que deságua no Rio Jaguaribe. De lá, partirá para o
Canal do Trabalhador e depois para o Eixão das Águas a partir do Açude
Castanhão. Entretanto, a obra física de interligação entre o CAC e o Eixão das
Águas somente ocorrerá em longo prazo, estimado em 30 anos.
Hipérides Macedo (da T68), ex-secretário de
Recursos Hídricos do Estado e um dos autores da Política de Recursos Hídricos
do Estado, implantada no fim dos anos de 1980, já se manifestou em diversas
oportunidades acerca das obras de transferência de águas no Ceará. Segundo ele,
o Ceará, nos últimos 20 anos, realizou obras de infraestrutura que permitiram o
armazenamento e transferência de água entre as bacias hidrográficas. O primeiro
grande passo foi a construção de barragens. Foram feitos 50 açudes de porte
médio e mais o Castanhão, que permitiram a distribuição do recurso pelo
território. Em seguida, houve a implantação de adutoras que fazem a
transferência da água da fonte para os locais de consumo.
Soma-se a esses dois sistemas, o projeto de
interligação de Bacias, que só é possível graças às obras básicas – açudes e
adutoras. O Canal da Integração (Eixão das Águas) e o Cinturão das Águas
complementam esse projeto que é fundamental para a segurança hídrica e
desenvolvimento do Estado. “O Ceará já convive com a seca em melhor situação
que outros Estados vizinhos e, com esse conjunto de obras de infraestrutura
hídrica, no futuro, vai enfrentar os períodos de estiagem sem
desabastecimento”, avaliou ele.
Para a primeira etapa do Cinturão, orçada em R$ 1,6
bilhão, o Governo do Estado obteve recursos de R$ 1,1 bilhão do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), por meio do Ministério da Integração Nacional,
e o restante, R$ 500 mil, de recursos próprios. Inicialmente, havia uma
previsão de um custo total de R$ 6,8 bilhões para a construção do CAC, mas esse
orçamento deve aumentar com o decorrer dos anos e das obras.
O Cinturão das Águas é um dos projetos que vão
receber parte dos R$ 206,5 milhões do crédito suplementar destinado a órgãos e
obras no Ceará. O orçamento complementar liberado para o projeto de
transposição foi de cerca de R$ 2 milhões.
A obra foi dividida em cinco lotes. O primeiro vai
interligar o município de Jati à Missão Velha, num trecho de 40km. O segundo
levará água por meio de um canal para o município de Nova Olinda até o Rio
Cariús. O último é de construção de canais e túneis entre as bacias.
O projeto prevê interligar 12 bacias hidrográficas,
numa extensão total de 545km, a partir da transposição das águas do Rio São
Francisco, no município de Jatí, no extremo Sul do Ceará. A conclusão da obra
está prevista para 2040.
Em decorrência de constantes períodos de estiagem
que o Ceará enfrenta, a exemplo da seca de 2012, considerada uma das maiores
dos últimos 40 anos, a construção do CAC torna-se fundamental, pois a obra é
apontada pelos técnicos do governo como a solução para o abastecimento das
cidades e viabilização de projetos econômicos, industriais e também
agropecuários.
No primeiro trecho do CAC, serão construídos 160km
de canais beneficiando 17 municípios até o Açude Orós, no Alto Jaguaribe. A
vazão pré-estimada é entre 25 e 30 metros cúbicos por segundo. O projeto prevê
transferência de água para os seguintes municípios: Jatí, Porteiras, Brejo
Santo, Abaiara, Mauriti, Barbalha, Crato, Milagres, Nova Olinda, Farias Brito,
Lavras da Mangabeira, Aurora, Cariús, Iguatu, Quixelô, Orós e Icó.
No trecho dois, a água chegará a uma das regiões
mais secas do Estado, o Sertão dos Inhamuns. Numa extensão de 380Km e vazão
estimada de 35 metros cúbicos por segundo, as águas vão passar por Nova Olinda,
Antonina do Norte, Aiuaba, Tauá, Crateús e Independência.
O Canal da Integração (Eixão) constitui importante
trecho no Cinturão das Águas. Trata-se de um complexo de estação de
bombeamento, canais, sifões, adutoras e túneis, que realizam a transposição das
águas do Açude Castanhão para reforçar o abastecimento da Região Metropolitana
de Fortaleza, numa extensão de 255km até o Complexo Portuário e Industrial do
Pecém, fazendo a integração das bacias hidrográficas do Jaguaribe e Região
Metropolitana.
Sua construção possibilita o surgimento de um polo
de desenvolvimento hidroagrícola nas áreas de tabuleiro da Bacia do Rio
Jaguaribe, promovendo o atendimento a projetos de irrigação. O Eixão começa no
Açude Castanhão e segue para a Região Metropolitana de Fortaleza, indo até o
Complexo Industrial e Portuário do Pecém. A obra está em sua quinta e última
etapa.
A pergunta que não quer calar. O que o faremos
quando as águas do velho Chico finalmente chegarem à Paraíba? A resposta é
óbvia, se continuarmos como estamos, seremos meros controladores da vazão da
água que será aproveitada pelo Rio Grande do Norte, que também já está com
projetos avançados nesta área, enquanto nós somos obrigados a conviver com o
rame rame da política de muro baixo. Acorda Ricardo Coutinho, senão ficaremos
apenas vendo a água passar, como parece que passará o seu governo.
Aula para gestores do Recursos Hídricos do Governo Federal. Ceará é pioneiro na solução e na gestão da Convivência com Sem-árido.
Fonte:
Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará
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